Agenda de Compromissos

Outubro

01 - Igreja Batista Central - Jantar para casais - Abreu e Lima
09 - Igreja Batista Pinheirópolis - Encontro de Mulheres - Caruaru - PE
15-17 - Igreja Batista Bíblica - Congresso de Missões - Terra Vermelha - PE
22 - Igreja Batista Rhemaná - 1º Retiro de Mulheres - Rafael - PE
23 - Igreja Betesda Caruaru - Culto da Família - PE
27-31 - SEPAL - Retiro e reunião do comitê - Foz do Iguaçu - PR

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

CORDEL DO AMOR

Gilmar, Romildo e Laís

V Retiro de Casais IBBV - SESC TRIUNFO - 23 a 25/09

JOÃO E MARIA SE ENCONTROU

COM UM OLHAR SE CONQUISTOU

UM CASAMENTO SE FORMOU

NO COMEÇO, TUDO FLOR...


AS CRIANÇAS SE APRESENTOU

AS DIFICULDADES SE CHEGOU:

AS FINANÇAS COMPLICOU

O DIÁLOGO SE APAGOU

A FLOR MURCHOU


E NA HORA DO MAIOR HORROR

O PASTOR SE ACHEGOU

A IGREJA AJUDOU

QUANDO UM RETIRO INVENTOU

A PALAVRA DE DEUS DESPERTOU

O QUE OUTRORA SUFOCOU


A CHAMA DO AMOR

NOVAMENTE ARDEU

A FLOR DESABROCHOU

O CASAMENTO VENCEU

COM CRISTO, JOÃO MARIA CRESCEU

A BRASA “ASSOPROU”

E O AMOR TRANBORDOU

domingo, 25 de setembro de 2011

APAIXONADOS PARA SEMPRE

Olhando meu cônjuge como um tesouro encontrado

(Mt 13.44)

Introdução – Essa semana, ao abrir uma página da internet, me deparei com a informação de que o dia 22/09 é o dia do amante. Que coisa triste!

Nossa sociedade divulga explicita e oficialmente a “pulada de cerca”, chifre ou a “gaia”, no popular.

- É possível ser apaixonado para sempre?

- Se é, o que precisamos fazer para que essa paixão permaneça?

MARCAS DA VERDADEIRA PAIXÃO DURADOURA (Mt 13.44)

1. ESTÁ ESCONDIDA – Dentro de cada um de nós há um tesouro escondido a ser descoberto.

- Paul Tournier fala que possuimos uma pessoa e uma personagem. A personagem é quem está por fora e a pessoa está no interior de cada um. Sempre casamos com a personagem.

- Possuimos valores desconhecidos, que só serão revelados com a aceitação afetiva. Isso é o que a Bíblia chama de amor.

- Rubem Alves citando Nietzsche em seu livro Retratos de Amor, diz que precisamos fazer uma pergunta antes de casar: “Serei capaz de conversar com o outro até o fim da vida sem enjoar?”. Porque o corpo envelhece, mesmo com os melhores tratamentos. A cintura de pilão dela se transforma em cintura de botijão. A barriga sarada dele começa a usar a famosa camisa KLB (Ki Lapa de Bucho). Em alguns casos troca-se o cônjuge por um 10 kg a menos e 10 anos mais jovem.

Ele conclui citando Adélia Prado: “Erótica é a alma”.

Logo, a verdadeira paixão está escondida dentro da pessoa que está ao nosso lado e pode ser descoberta através do diálogo respeitoso e afetivo entre o casal.

2. É RECHEADA DE ALEGRIA – “Transborda de alegria”

- A felicidade de descobrir uma coisa nova, gera uma alegria muito grande, às vezes indescritível. Aquela pessoa transborda.

Gosto de filmes de caça ao tesouro como Conde de Monte Cristo, Indiana Jones, etc. Fico animado no momento em que eles encontram o tesouro escondido.

- Qual a maior alegria que você já experimentou com seu cônjuge?

- Qual a maior tristeza que você já experimentou com seu cônjuge?

John Gottman em seu livro Casamentos: porque uns dão certo e outros não? Fala dos quatro cavaleiros do Apocalipse do casamento, que avisam quando o divórcio se aproxima. São eles:

1. Crítica, que acusa –“Você sempre faz isso”. Solução: expressar sentimentos sem acusar o outro;

2. Desrespeito que ironiza - “Claro que você gosta de mim”. Revirando os olhos. Solução: Buscar ver valores positivos do outro;

3. Defensividade que vitimiza – “Você nunca me elogia, nem me leva par lugar nenhum”. Solução: Assuma sua autoestima;

4. Muro de pedra que esfria – “Falar com você é como falar com uma parede”. Solução: Derrubar esse muro através do diálogo aberto.

- 85% dos homens São fechados e precisam se abrir, senão vão continuar nas estatísticas de morrerem sete anos mais cedo que as esposas.

Logo, a verdadeira paixão do casal, consiste na recuperação da alegria.

3. TRAÇA UM PLANO DE AÇÃO – Para adquirir o terreno com o tesouro que está dentro dele, aquele homem traça um plano.

- Esconde de novo após encontrar;

- Vende tudo o que tem. Casamento bom é casamento caro. É necessário investir;

Investimos em tanta coisa pras nossas casas e às vezes esquecemos de investir na relação à dois e na relação familiar.

Se bens e riquezas fizessem um casamento feliz, o príncipe Charles e a princesa Diane não teriam se separado.

- Qual o nosso plano de ação para a manutenção da paixão na relação conjugal?

Algumas sugestões:

1- Orar juntos;

2- Ler livros sobre a relação conjugal e familiar;

3- Saírem juntos periodicamente;

4- Dialogar com o coração aberto;

5- Festejar datas especiais.

“Nenhum sucesso na vida compensa o fracasso no lar”

Logo, a manutenção da paixão na relação conjugal, precisa de um plano de ação.

3. COMPRA – Adquire o terreno com o tesouro e passa a desfrutar dele.

A partir do momento em que ele comprou, passou também a desfrutar alegremente, oficialmente e publicamente do tesouro que encontrou.

O QUE DESFRUTAMOS QUANDO ADQUIRIMOS O TESOURO ESCONDIDO?

1. A confiança no outro – Pv 31.11;

2. Sexualidade prazerosa – A revista alemã Neu Leben de Out. 2002, publicou uma pesquisa científica informando que os casais casados são os que mais fazem sexo e com maior qualidade;

3. Saúde – “52% das pessoas que estão bem de saúde são bem casadas” (Globo Repórter de 08/1010);

4. Tranquilidade financeira – Não é ausência de problemas financeiros, mas a confiança de que quando existe a verdadeira paixão, as crises financeiras podem vir, mas vão passar.

Conclusão – Concluo com a adaptação de um texto escrito por Mário Quintana:

PROMESSAS MATRIMONIAIS

Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, mas respeitar a singularidade do seu amado(a), lembrando que ele(a) está ao seu lado por livre e espontânea vontade?


Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando entrar em cena um e outro, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou menos romântica?

Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma de cobranças por sonhos que não chegaram a se concretizar?


Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e, portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?


Promete se deixar conhecer?


Promete que será uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para seu mau humor?


Promete que fará sexo sem pudores, fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem interdependentes e informados sobre a realidade que os aguarda?


Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar riso dos outros?


Promete que a palavra liberdade terá a importância que sempre teve em sua vida, que saberá se responsabilizar por você mesmo sem ficar escravo do outro e saberá lidar com a solitude que o casamento não elimina?


Promete que será você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, eu vos declaro mais que marido e mulher, eu vos declaro maduros.

sábado, 16 de julho de 2011

Pastoral Cristã aos descasados

SEPAREI! POSSO CASAR DE NOVO?
UMA PASTORAL CRISTÃ AOS DESCASADOS

“Deus nos deu uma segunda chance para a salvação, pode dar também ao casamento?”
Cícero
“Pois cinco maridos já tiveste...” Jo 4.18a (KJV)

INTRODUÇÃO
Com o crescimento dos índices das separações entre cristãos, cresce o número de casais casados pela segunda vez nas comunidades evangélicas. Esses irmãos trazem o sofrimento de uma relação desfeita e o desejo de construir uma nova família.
Para a construção adequada de uma nova e melhor relação é preciso um apoio pastoral sensível aos perigos e possibilidades dessa nova modalidade de casamentos, pois é muito provável que uma relação construída sobre um ferimento sinta também as suas dores.
Este artigo refletirá de forma pastoral-cristã alguns aspectos práticos da conjugalidade monogâmica seqüencial e fará sugestões de apoio aos que dela necessitam.

QUANDO ACONTECE - Após a descontinuidade da relação anterior por separação ou divórcio, surge naturalmente o desejo de construir uma nova relação, melhor que a anterior. Então, uma pessoa aparentemente ideal entra em cena, provocando a expectativa de reparar a primeira relação. Logo, nasce a possibilidade do encontro com a felicidade. É importante ressaltar que nem sempre os acontecimentos seguem essa ordem. Pode surgir uma pessoa que desperta o desejo de reconstruir a vida conjugal.

KIT TRANSPORTADO – Quando acontece o segundo casamento, alguns aspectos positivos, negativos e inevitáveis são transportados para dentro do novo momento familiar, queiram os cônjuges ou não. Os positivos são as boas lembranças trazidas da relação desfeita, pois nenhum casamento é completamente ruim. Por isso há algumas coisas que deixam saudades, como: “Ela era boa cozinheira”, ou: “Ele era um bom pai”. Os negativos são aqueles que todos desejam esquecer, mas de forma geral permanecem vivos na lembrança dos que viveram as dores da separação, como: “Ela gastava muito”, ou: “Ele era muito grosseiro”.
Já os inevitáveis que precisam ser administrados, são aqueles que vão demorar meses ou anos para serem resolvidos e alguns nunca serão totalmente solucionados, mas o casal terá que aprender a conviver com eles se desejar desenvolver uma relação estável e duradora. O caso mais comum é o de disputas judiciais que envolvem pensões a pagar, guarda dos filhos e divisão de bens adquiridos. Essas discussões levam tempo e nem sempre terminam com uma solução cordial. Como disse Celso Pita, ex prefeito de São Paulo: “Ex mulher é para sempre”. Outra situação delicada é a convivência dos filhos do primeiro casamento com o novo cônjuge e com os “novos irmãos”. Essa não é uma tarefa de fácil solução, uma vez que a maioria dessas crianças não escolheu a separação dos pais, mas muitas vezes é uma situação inevitável.

PESSOAS OU PERSSONAGENS? - Paul Tournier diz que por fora somos uma personagem e por dentro uma pessoa, e normalmente casamos com a personagem. Com a convivência, a pessoa se revela á outra. Se for acolhida, se abre mais ainda, se for rejeitada se fecha.
Com o passar do tempo, o segundo casamento pode manifestar sintomas como comparação com a relação anterior, ciúme do cônjuge, acomodação misturada com decepção, outro divórcio ou a entregam a uma vida sem valores referenciais. É comum ouvir:
-“Troquei de pessoa, mas o problema é o mesmo; não vou separar de novo”. Em geral o segundo divórcio é rápido, pois todo o processo se repete. Na Austrália “mais de 46% de primeiros casamentos e 60% de segundos casamentos terminam em divórcio”. No Brasil os números são menores, mas crescentes:

DIVÓRCIOS NO BRASIL IBGE – 2005
Sudeste 21,8%
Norte 17,8%
Nordeste 15%
Sul 5,8%
Centro-Oeste 2,9%

SEGUNDA CHANCE - 1995 - 2005
Mulheres solteiras + Homens divorciados - 4,1% - 6,2%
Mulheres divorciadas + Homens solteiros - 1,7% - 3,1%.
Ambos divorciados - 0,9% - 2,0%.

CRISTO: MODELO PASTORAL RESTAURADOR – Em Jo 4.1-30, encontramos a história do encontro de Jesus com uma mulher que havia passado por cinco divórcios e não conseguia se encontrar no amor.
Ela se sentia uma pessoa inferiorizada, pois ia ao poço por volta do meio dia, hora que ninguém estava lá. Naquela hora, a água não era tão fria quanto de manhã. É como se dissesse no seu íntimo: “Não consegui acertar na vida, não tenho direito a água fresquinha”. Ela se sentia discriminada pelos judeus e revelou isso quando perguntou a Jesus como ele judeu, falava com ela, samaritana. Sentia-se uma pessoa impossibilitada, uma vez que sua vida era um ciclo vicioso: vários casamentos, várias idas ao poço, sem conseguir matar sua sede; por isso disse a Jesus: “dá-me dessa água para que eu não tenha mais sede”.
Assim, são também se sentem algumas pessoas que se divorciam: Com sentimento de culpa, inferioridade e sensação de fracasso. Às vezes são discriminadas por amigos, parentes e irmãos. O mundo cai, a boca fica seca, com sede.
Sua maior sede era de um amor verdadeiro e simbolicamente procurava saciá-la com água do poço. Nessa busca ela se encontra com Jesus, que para ajudá-la, quebrou algumas barreiras existentes, que são:
1. Geográfica (v.4), quando entrou em Samaria, mudou sua rota tradicional e encontrou uma situação nova. Só encontramos situações novas, se alterarmos nosso percurso tradicional. Só surge o novo, quando mudamos a rotina;
2. Sociocultural (v.7 e 27), quando conversou publicamente com uma mulher. Jesus foi ousado em romper com esse preconceito, provocando admiração inclusive em seus discípulos ao ser visto conversando coma aquela mulher;
3. Racial (v.9), quando tomou a iniciativa do diálogo com a samaritana, sendo ele judeu. Jesus mostrou que problemas do passado podem ser resolvidos com atitudes positivas no presente;
4. Impossibilidades (v.14 e 15), ao despertar novas perspectivas de mudança do ciclo vicioso daquela mulher. Ela vivia como a música da Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim”;
5. Legalista (v.18), quando clarificou o erro, sem emitir julgamento. Para Jesus a lei existe para os resistentes e não para os que desejam mudar. Aquela mulher não precisava de críticas, mas de estímulo para refazer a vida. Alguém já disse: “o preço de se dar mal, é se dar mal”, pra que mais acusações?
6. Religioso (v.21 e 24), quando afirmou que Deus é Espírito e pode ser adorado em qualquer lugar. Isso fez grande diferença na vida daquela mulher que saiu dizendo para outras pessoas que tinha encontrado alguém diferente, que apesar de conhecer o coração, continuava amando a pessoa.

CONCLUSÃO – APLICAÇÃO
Muitas são as pessoas como a samaritana que encontramos na caminhada pastoral. Gente com sede de acertar, mas que tem cometido erros sucessivos. Creio que Deus pode dar uma nova chance para o casamento e nosso desafio é agir com o coração cristão e ser um instrumento de apoio para que elas encontrem em Jesus a vida abundante, o amor verdadeiro, que tanto procuram.


Marcos Quaresma – Mestre em aconselhamento pastoral, assessor familiar, pós graduando em psicopedagogia, bacharel em teologia e missionário da Sepal.

domingo, 5 de junho de 2011

Aprendendo a valorizar o outro

“Você é aquilo que você mais valoriza na vida” (John Dewey)

Nosso mundo trata as pessoas pelo que possuem ou pelo prazer que proporcionam, não porque são seres humanos criados à imagem de Deus. O que não dá prazer é descartável. Isso acontece até nas relações familiares. Filhos que irritam os pais são jogados à morte do 7° andar. Se alguém se encanta com outra pessoa 10 quilos mais magra e 10 anos mais jovem, o cônjuge atual é deixado “numa boa”. O compromisso está em baixa, o prazer em alta. Há esperança para as famílias nessa sociedade? É possível as pessoas da mesma casa olharem umas as outras com olhos de valor?

Um texto que reflete bem a valorização do outro em família é Provérbios 31.10-31. Ali, o respeito à singularidade de cada um produz uma família funcional. Baseados nesses princípios, uma família aprende a valorizar seus membros quando nela existe autoestima individual, igualdade conjugal, um pacto social e visão espiritual.

1- Autoestima Individual - Só valoriza o outro quem reconhece seu próprio valor. Ela sabe que vale mais que bens caros. “Seu valor em muito ultrapassa o das mais finas jóias!”, v.10. Tal percepção contagia os demais membros da família. Pais com baixa autoestima influenciam seus filhos, que facilmente se envolvem com vícios, drogas, sexo antes da hora e se expõem em situações de risco. Stephen Kanitz diz que uma criança “tem de gostar de si primeiro para que possa gostar dos outros”, confirmando o que disse Jesus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10.27). Essa mulher com elevada autoestima conduz os demais membros da família a mesma posição.

Aplicação: Se me sinto inferior em minha casa, uma ajuda pastoral ou psicológica deve ser buscada!

2- Igualdade Conjugal - Como eles se amam! Essa relação é de confiança e afeto, pilares sólidos da conjugalidade sadia. “Seu marido tem plena confiança nela”, v.11. Um casamento baseado na cooperação, não se preocupa com hierarquia rígida. Aqui a mulher assume naturalmente a liderança administrativa da casa, sem competir com o marido. O mais importante é a capacidade singular de cada um em contribuir para o bem da família. A valorização do outro como igual, faz circular um clima afetivo familiar no qual todos se sentem bem. A tentativa de superioridade de gênero provoca infelicidade entre os cônjuges e desemboca em traições e rompimento da confiança e afeto do casal.

Aplicação: Eu e meu cônjuge competimos pelo poder ou trabalhamos juntos pelo bem da família?

3- Pacto Social - Naquela família todos falam bem dos outros. “Seus filhos fazem questão de elogiá-la e seu marido proclama suas virtudes”v.28. Os filhos elogiam a mãe e o marido exalta publicamente a esposa. Existe um pacto afetivo entre eles. Certamente não há famílias perfeitas, mas quando surgem problemas devem ser resolvidos em casa e não fora. Falar mal publicamente da família é denegrir a própria imagem; “não faleis mal uns dos outros” (Tg 4.12). Mas é comum ouvir em rodas de conversas, críticas ao cônjuge ou piadas que ridicularizam a imagem do outro, em geral ausente. Conquanto o amor seja muito importante, é bom lembrar que é o respeito que o solidifica.

Aplicação: O que falo sobre meus familiares fora de casa?

4- Visão Espiritual. Buscar ao Senhor primeiro é a orientação para o acréscimo das demais coisas. Quando Deus é valorizado na família, o outro também o é. “A mulher que teme o Senhor, essa será honrada”, v.30. Essa família é bonita de se ver: financeiramente equilibrada, suprida em todos os sentidos, resultado de um afeto circulante naquela casa e muito trabalho, naturalmente. Mas sabia que essas coisas são resultado de uma busca espiritual sadia. A história não descreve, mas é possível prever que oravam antes das refeições, iam ao templo adorar e possuíam uma ética espiritual elevada. Família bonita, pode até aparecer nas páginas sociais, mas a verdadeira beleza é buscar a Deus primeiro.

Aplicação: O que é prioritário para minha família: A espiritualidade sadia ou a aparência?

Tony Humphreys diz que “o propósito da família é contribuir para o desenvolvimento de cada um dos seus membros”. Conforme (Mt 6.33) “todas as coisas serão acrescentadas” a uma família que busca ao Senhor em primeiro lugar. Nela a autoestima será estimulada, a igualdade e cooperação conjugal serão desenvolvidas e os problemas serão comentados e resolvidos dentro de casa.

Que o Senhor os ajude a valorizar o outro em nossas famílias como Ele valoriza.

O VALOR DO OUTRO NA FAMÍLIA

I

PARA VALORIZAR O OUTRO

PRECISO A DEUS DAR VALOR.

COMO JESUS ENSINOU:

AME AO PAI E A VOCÊ,

E NO OUTRO VALOR VAI VER.

II

VALORIZAR OS DE CASA

É UM EXERCÍCIO IMPORTANTE;

E FALAR BEM DELES LÁ FORA,

UM DESAFIO CONSTANTE.

III

NA FAMÍLIA FUNCIONAL

CADA UM TEM VALOR SINGULAR

SEM APARÊNCIA OU COMPETIÇÃO.

REINA A COOPERAÇÃO

DOS QUE SÃO DE DEUS CRIAÇÃO.

domingo, 1 de maio de 2011

Divórcio de Pastores - Uma Reflexão Necessária

“Quem não estiver confuso não está entendendo a situação”
Edward R. Murrow

Introdução

Depois de uma briga “daquelas” entre o pastor e sua esposa, ela sentou na cama e disparou:
- “Prá mim chega, vamos procurar um advogado!”
Ele gelou, e numa fração de segundos, seus 15 anos de casamento passaram rapidamente em sua mente como um trayler de um filme, e deduziu que seu casamento havia acabado ali.
- “Sou mais um pastor divorciado”, pensou!
Mas respirou fundo, ainda meio paralisado sob o impacto do clima que pairava no quarto naquele momento, ainda conseguiu conversar com ela e decidiram procurar ajuda externa de amigos e profissionais habilitados, para tentar solucionar a crise. Esse procedimento os levou a entender que uma boa relação familiar precisa de manutenção constante, pois casamentos são como obras do governo: construções inacabadas.
No ano 2000 foram feitos no Brasil, “121.417 pedidos de divórcios” [1]. Cerca de 332,64 por dia. Nesses divórcios estão muitos pastores e esposas que não conseguiram ficar casados, mesmo fazendo tentativas: “eu fiz tudo o que podia ser feito”, me disse um colega recentemente. O tempo dos descartáveis tem transformado relações humanas em relações objetais, facilitando assim as separações. O divórcio não era permitido no Brasil até dezembro de 1977, hoje pode acontecer em apenas 45 minutos. Logo a tendência natural é que cresça o número de divórcios no Brasil, o que aumentará o divórcio entre pastores e esposas.
Serão consideradas aqui três questões relativas ao divórcio de pastores: Os porquês do mesmo, o que fazer ante os sinais do mesmo, e o procedimento quando ele for uma realidade. Não há a pretensão de ser a última palavra nem de cobrir completamente o tema. O propósito é refletir sobre o assunto que assusta e entristece qualquer cristão sincero, e sugerir contribuições para a diminuição das separações de pastores. Se uma só for melhorada, haverá grande satisfação.

1- POR QUE PASTORES E ESPOSAS SE SEPARAM?

Nenhum casal que se ama, deseja separar, mas infelizmente isso acontece entre muitos pastores e suas esposas. Vejamos algumas causas:

a) Nem todos os casamentos são uniões de Deus – Ingenuamente pensamos que toda união com papel passado, cerimônia religiosa e recepção cheia de guloseimas é feita por Deus. Mas, se formos sinceros, temos que admitir que há matrimônios que Deus uniu, e que têm tudo para dar certo e que há casamentos que o homem uniu. Um casamento pode acontecer apenas por atração física, por dinheiro ou outros interesses. Há pastores que casam com uma mulher que lhe seja útil no ministério. Este é um casamento utilitarista, e uma relação entre duas pessoas deve existir por amor e compromisso, e não pelos benefícios que ela possa trazer a uma das partes, mesmo que seja o ministério pastoral. Dalmiro Bustos (2001), diz que há três coisas que sustentam uma relação conjugal: O afeto, o sexo e os projetos comuns [2]. Quando o afeto acaba o sexo segura o casamento, quando o afeto e o sexo se acabam os projetos comuns como os filhos ou bens adquiridos, mantêm o casal unido, mesmo que superficialmente.

b) São seres humanos caídos – Mesmo um casal seja unido por Deus, comete erros e não consegue manter a relação. Jesus interrogado pelos fariseus sobre a legalidade do divórcio, respondeu que eles acontecem “por causa da dureza do... coração...; entretanto, não foi assim desde o princípio” [3]. Pastores e esposas têm alegrias e crises conjugais semelhantes a qualquer casal, e seus corações também se endurecem. Alguns alegam que depois do casamento o outro muda, não é mais o mesmo que conheceu nos tempos de namoro e noivado. O fato é que uma mulher nunca conhecerá completamente o seu marido e vice versa. Paulo diz que o casamento “é um mistério profundo” [4]. Segundo Paul Tournier o ser humano é composto de uma pessoa e de um personagem. A pessoa é a parte interna, escondida e o personagem é aquele que aparece, o visível. Sempre casamos com o personagem que traz dentro de si uma pessoa desconhecida. Se o personagem for generoso e doador irá correr os riscos de se revelar vagarosamente e se dar a conhecer ao outro. Mas se esconder a pessoa que há dentro dele, a relação se tornará superficial, e essas duas maravilhosas pessoas escondidas, nunca se conhecerão profundamente, o que tornará o casamento uma encenação de personagens e não uma união de pessoas. Portanto a coragem de se revelar ao outro, e despir-se completamente como no jardim do Éden [5], é o que vai fortalecer o relacionamento conjugal entre dois seres humanos caídos.

c) Pessoas de Deus às vezes fracassam – Quando Martin Buber tinha seis anos de idade seus pais se separaram. Sofrendo, aquela criança fez uma pergunta que norteou sua vida até a morte com 86 anos: “Por que pessoas de excelente qualidade humana não conseguem dialogar; não chegam a um diálogo em profundidade?”[6]. Sim, por quê? Esta pergunta sempre estará ecoando em alguns casos de divórcio. Por que pessoas amáveis, inteligentes e eficientes em muitas outras áreas da vida, não conseguem administrar sua relação conjugal? Por que homens de destaque na história bíblica como Davi, Salomão e Sansão não conseguiram se contentar com uma só esposa? E porque falharam no casamento alguns líderes cristãos que influenciaram gerações inteiras com seus pensamentos e atitudes. Paul Tilich, que com o consentimento de sua esposa “tinha uma amante”[7], Martin Luther King Jr., que foi chamado de “mulherengo”[8]? Isso sem citar líderes de expressão nacional que abalaram o Brasil evangélico com seus divórcios.
A relação entre um homem e uma mulher é uma das coisas mais misteriosas da vida. O sábio Salomão, que teve muitas complicações nesta área disse que “são maravilhosas demais... não entendo”[9]. Não é possível compreender completamente porque certas pessoas são realizadas em algumas áreas da vida e infelizes no casamento. Não deve ser assim, mas é importante entendermos que os estes erros não invalidam os feitos que realizaram antes.
No caso do pastor, sua função o faz responsável por três tipos de famílias: a sua, as famílias individuais da igreja, e a igreja como uma grande família, o que é uma grande responsabilidade. Isso faz com que, muitas vezes, sua família seja menos assistida. As igrejas precisam refletir sobre isso, e apoiar o pastor e sua esposa, para que a família deles resista a este avalanche de separações.

2- O DIVÓRCIO AVISA?

Nada acontece da noite pro dia, a não ser chuva de verão. John Gottman chama os avisos do divórcio dos "quatro cavaleiros do apocalipse”
[10]
, que são: a crítica, o desrespeito, a defensividade e o muro de pedra. Normalmente um vem após o outro.
A crítica é o primeiro, e se instala quando os cônjuges começam a se acusar mutuamente com expressões como: “você sempre faz isso”.
O desrespeito vem em seguida com os insultos, zombarias e gestos corporais irônicos como revirar dos olhos, torcer os lábios, e ainda dizer: “Claro que você gosta muito de mim”.
A defensividade segue o desrespeito quando nasce o sentimento de vítima um do outro, e surgem acusações como: “Você nunca me leva a lugar nenhum”, ou “Você nunca tira o prato da mesa, eu tenho que fazer tudo sozinha nessa casa”.
Finalmente chega o cavaleiro muro de pedra. É ele quem faz os corações endurecerem e instala a frieza na relação conjugal. “Você nunca diz nada, só fica aí sentado. É como falar com um muro de pedras”. Jesus falou sobre ele, quando disse que são os corações endurecidos o motivo maior para os divórcios. Quando a relação chega aí, não há mais sentimento. Alguém já disse que o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença. Enquanto há ódio há sentimento, há briga, há diálogo mesmo que rancoroso, mas quando se instala a indiferença, é como se o outro tivesse morrido. “A grande política do casamento é cada um ceder um pouco, para que nenhum dos dois tenha que ceder tudo”[11].

Ante os sinais do apocalipse do casamento, o casal deve respirar fundo, beber um copo com água e contar até dez. A oração a dois é um poderoso recurso e alguns filmes podem ser úteis. Kramer x Kramer, Diário de Uma Paixão, Um Amor para Recordar, Quando um Homem Ama uma Mulher, Como se Fosse a Primeira Vez, e Click. Se o casal não conseguir administrar a situação, deve buscar ajuda pastoral confiável, e se ainda assim, não melhorar, buscar terapia de casal, com um terapeuta de confiança dos dois.

3 – E SE NÃO HOUVER JEITO?

O divórcio é um grande sofrimento. Periodicamente acompanho casos e nunca vi bolo e refrigerante para a assinatura de papéis. Logo, quando não for possível manter viva a relação, o casal deve se esforçar para desfazê-la da forma menos dolorida possível, especialmente para preservar uma boa relação com os filhos, que não sendo responsáveis, sofrem muito. O que não deve acontecer é o cinismo. O casal não se suporta mais, não deseja buscar qualquer ajuda, mas por motivos egoístas, continua a viver junto, dormindo em camas e quartos separados. Tal relação é mais nociva que o divórcio.
Para os que já se divorciaram é importante refletir sobre os motivos que causaram a separação, para não repeti-los num possível segundo casamento.
Já aos que acompanham divorciados, que sejamos apoio. Críticas e acusações não ajudam a recuperar pessoas que estão com suas almas rasgadas. Portanto quando algum divorciado solicitar ajuda, sejamos uma mão amiga. Como disse o filósofo: “O preço de se dar mal é se dar mal”[12]. A dor já é muito grande.
No caso de pastores, no passado os que se separavam eram considerados fracassados numa área vital do ministério, a família; alguns foram abandonados por instituições e comunidades a quem serviram por anos. Hoje, dependendo da forma como ocorre a separação, são acolhidos e tratados por suas comunidades, permanecendo no exercício do ministério, reconstruindo a vida. Seu casamento acabou, mas sua vida e ministério não terminaram.

Conclusão

Não há qualquer garantia que um casamento dure até a morte de um dos cônjuges, se a graça do Senhor não estiver sobre o casal, quebrantando os corações; e os mesmos com humildade buscarem ajuda em oração, e os outros recursos disponíveis como amigos dispostos a ajudar, aconselhamento pastoral, encontros para casais e terapia de casal, para administrar as crises.
Nossa esperança é que a graça de Deus fortaleça os casamentos que ele uniu e transforme pelo poder do Evangelho, os que foram feitos por motivos errados.

Amém!

_____________________

Referências:

[1] MACEDO, Joel. RODRIGUES Virgínia. Antes de dizer adeus. Revista Enfoque Gospel. Rio de Janeiro, Ed. 28, pág.48, Nov. 2003. Mensal. ISSN 1519-8677

[2] BUSTOS, Dalmiro M. Perigo... Amor à vista: drama e psicodrama de casais. São Paulo: Aleph. 2001

[3] Mateus 19.8

[4] Efésios 5.33 (NVI)

[5] Gênesis 2.24

[6] CAFÉ FILOSÓFICO. Porque continuamos casando? Régis de Morais, Campinas: Set. 2006

[7] SHEDD, Russell Philip. Reflexões Sobre a Teologia e Vida. Boletim da Sete. São Paulo: Jul. 1985

[8] YANCEY, Philip. A alma sobrevivente: sou cristão, apesar da igreja. São Paulo, Mundo Cristão. 2004. P. 42.

[9] Provérbios 30.18 (RA)

[10] GOTTMAN, John. Casamentos: porque alguns dão certo e outros não. Objetiva. Rio de Janeiro. 1994. P. 82.

[11] CAFÉ FILOSÓFICO, Idem.

[12] Idem

domingo, 10 de abril de 2011

Pastoral ao Enfermo Terminal

“Achando-a, põe-na nos ombros, cheio de júbilo” (Lucas 15:5)

Ser pastor, cuidador de almas, é uma das experiências mais gratificantes que Deus pode permitir a um ser humano. É uma convocação divina para uma tarefa entre os homens. É uma missão sacerdotal, diferente da profética; pois o profeta confronta as pessoas nos seus erros, enquanto o sacerdote conforta as pessoas nos seus sofrimentos.

Visitar e aconselhar pastoralmente, tem sido uma atividade prazerosa, e ao mesmo tempo dolorosa, que tenho experimentado ao longo destes 17 anos de exercício do ministério pastoral. Prazerosa porque tenho visto muitos desanimados ficarem reanimados com palavras, músicas, leituras bíblicas, e orações nos momentos de visita, e ouvir frases como: “a visita de vocês é um conforto muito grande”. Dolorosa porque muitas vezes vejo faces tristes, ouço gemidos de dor, lágrimas e choros de corpos que se contorcem doentes, como também lamentos de almas angustiadas em sofrimento. A dor também me atinge. Seja por empatia ou quando sou mal compreendido, e por vezes até agredido, quando na intenção de ajudar, acabo magoando ou machucando alguém.

Entre as muitas facetas do acompanhamento às almas sofridas, está o cuidado ao enfermo terminal. Resolvi escrever estas linhas, porque estive por cerca de 10 meses acompanhando a irmã Edna Amorim de Souza, que foi acometida de câncer, e faleceu em 19 de junho de 2005. Mesmo sabendo de seu quadro terminal, ela resistiu às investidas da doença até o momento que pôde. Quando seu corpo não suportava mais as dores, desejou descansar, se entregou ao Senhor e descansou.

Creio que é importante, que todos nós que temos recebido a tarefa pastoral de cuidar das almas das ovelhas, também saibamos um pouco sobre o comportamento das mesmas em relação às doenças terminais que as atingem. Conforme a Drª Küber-Ross , há algumas fases pelas quais passa uma pessoa com uma doença terminal. - Na primeira fase, a pessoa nega a doença e sua gravidade e recusa-se a falar sobre o assunto, tendendo ao isolamento. Procura iludir-se, fazer de conta que não está acontecendo com ela. São defesas temporárias à dor psíquica frente à morte. Em geral não persiste muito tempo, mas sua duração e intensidade dependem de como a pessoa e a sua família são capazes de lidar com esta dor. - Quando não é mais possível manter o estágio de negação, surgem sentimentos de revolta, raiva, mágoa, inveja, ressentimento. Nesta fase a pessoa se pergunta: “ninguém na minha família tem essa doença, o que aconteceu? por que eu? por que comigo?” e faz exigências, reclama e solicita atenção contínua. Os relacionamentos nesta fase tornam-se muito conflituosos, já que todo o ambiente é atingido. - Quando percebe que a raiva também não resolveu, a pessoa entra no terceiro estágio, tentando barganhar, geralmente com Deus. A maioria das barganhas é mantida em segredo, mas este não foi o caso de Edna. Ela disse claramente: “Se é prá cuidar desta doença por 12 meses, prefiro cuidar de mim e trabalhar na Igreja com meus irmãos por 6 meses”. Como dificilmente a pessoa tem alguma coisa a oferecer a Deus, além de sua vida, e como Este parece estar tomando-a, quer a pessoa queira ou não, estas negociações assumem mais a característica de súplicas. Por exemplo, faz-se promessas de uma vida dedicada à igreja, aos pobres, à caridade, em troca de mais tempo de vida. Nesta fase a pessoa mantém-se dócil, serena, reflexiva. - A quarta fase é a da depressão. Quando a debilidade física é evidente e a pessoa já não consegue negar sua condição, quando já expressou sua raiva e revolta, quando percebe que não resolve fazer barganhas, surge então o sentimento de grande perda. É o sofrimento e a dor psíquica de quem percebe a realidade nua e crua, como ela é realmente. Então vem o desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro. “Eu desisto de orar para Deus me curar”, foram palavras que ouvimos de seus lábios, entre gemidos de dores. - Por último, vem a aceitação, que surge quando a pessoa já não experimenta o desespero e nem nega sua realidade. A aceitação aqui é sinônimo de conformidade, aceita a morte porque acredita que a luta acabou e o corpo já não agüenta mais. É o período onde a pessoa encontra a paz, o silêncio daqueles que estão cansados de sofrer. Já não tem mais interesse pelo mundo e começa a fazer o seu desligamento. É importante ressaltar que estes estágios podem se intercalar e repetir durante todo processo da doença. Nestes 10 meses que acompanhei Edna e sua família, pelo que pude perceber, já nos encontramos na terceira fase da teoria da Drª Kümber-Ross, pois ela estava sendo cuidada no INCA (Instituto Nacional do Câncer), no Rio de Janeiro, onde tinha um bom tratamento, e uma possibilidade maior de sobrevida, e resolveu mudar-se para Caruaru, onde o hospital do câncer mais próximo é o do Recife, e está em péssimas condições de atendimento. Antes de sair do Rio, ela insistiu com o médico para lhe informar o tempo aproximado de vida, e ele disse que se ela fizesse mais uma etapa de uma nova terapia medicamentosa vinda dos Estados Unidos, teria de 10 a 12 meses de vida; se não, de 4 a 6 meses. Diante desta noticia, decidiu vir para Caruaru e ainda viveu 11 meses.

Nas muitas visitas feitas à Edna, às vezes em casa, às vezes no hospital, vi pessoas bem intencionadas, tentando ajudar, mas que cometiam erros grosseiros e acabaram criando falsas expectativas quanto à recuperação de sua saúde, que se foram frustrando com o passar dos dias. Diante disso, desejo humildemente oferecer algumas sugestões para uma ação pastoral a um doente terminal. 1. Ser conveniente quanto ao momento da visita – procurar saber dos familiares ou do próprio enfermo, a hora mais adequada para visitar. Há horas em que todos estão cansados e por mais bem intencionada que ela seja, a visita não é desejada. 2. Ser conveniente com as palavras – as palavras não são a coisa mais importante numa visita, mas a presença amiga. Certa pessoa falou prá Edna depois de uma leitura bíblica e uma oração: “a irmã não está doente, a irmã estava doente, porque o Senhor já a curou”. Eu quase perco a calma nessa noite. Estas são tentativas de estímulo do doente, mas geram expectativas irreais. Palavras negativas também não são bem vindas, como a outra que falou: “minha amiga morreu com essa doença, com muitas dores”. Se o visitador não sabe o que dizer, é melhor cantar uma música, ler um Salmo orar, e depois se retirar. 3. Ser paciente com as queixas e reclamações dos parentes. Eles em geral estão com suas vidas e horários alterados para dar atenção ao enfermo. Até quando forem agressivos com o visitador, entenda que aquele é um momento muito difícil e todos estão cansados, gastando dinheiro e vendo seu parente perecer. Neste momento os nervos ficam à flor da pele. 4. Ser disponível, oferecendo-se para algum tipo de ajuda prática, pois dependendo do caso, o doente ocupa muito do tempo dos familiares. Um bolo, um café completo, uma torta. Quem sabe lavar uma louça, varrer a casa ou levar uma roupa prá casa prá lavar e passar. 5. Está próximo para ajudar nas decisões da família, alertando, mas sem impor sua posição, pois está é uma hora na qual alguns oportunistas de plantão (médicos, hospitais, companhias de seguro, floriculturas, casas funerárias etc.), querem sugar até o último centavo da família e do enfermo.


CONCLUSÃO – A tarefa pastoral é das mais nobres que uma pessoa pode receber. Que nós, pastores, sacerdotes, visitadores, possamos vivê-la na sua integralidade: Amando ao Senhor, e cuidando de suas ovelhas. Seja no cotidiano, seja nos momentos de doenças terminais. Amém!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Violência contra mulher

Tá na cara; não esconda!

“A imagem de Deus... homem e mulher os criou” (Gn 1.27)

Naquela tarde ela entrou no gabinete pastoral. Loira, magra, uns trinta anos. Um pequeno corte no lábio inferior que parecia recente. Bonita, mas de aspecto sofrido; cabelos maltratados e voz pesada.
Veio para se aconselhar após ouvir um programa de rádio que falava sobre as crises familiares. Em pouco tempo de conversa comigo e com Rosélia, a revelação: “Eu sempre apanho do meu marido”.
Cresce a violência do homem contra a mulher. “A cada 15 segundos, uma mulher é agredida por seu companheiro” . Isso acontece sem nenhuma discriminação racial, sócio–econômica ou religiosa. Mulheres negras e brancas, ricas e pobres, católicas e protestantes ou de outras crenças, têm sido vítimas da violência masculina sobre elas.
As causas desta crescente violência, os agressores e as formas como acontecem, bem como as providências a serem tomadas quando ocorrerem atos de violência contra as mulheres, serão aqui abordados.

1. AS CAUSAS – A matriz geradora da violência humana é sem dúvida o pecado. (Gn 4.8), mas há pelo menos mais duas causas que estimulam a esta violência. A primeira é o aspecto físico, ou seja, em geral os homens são mais fortes que as mulheres, e por isso se acham no direito de violentá-las quando há diferenças entre eles. A segunda, e entendo que esta é a maior causa, é a predominância da cultura machista na maioria dos países do mundo; ou seja, os homens se acham superiores às mulheres.
Desde os tempos mais remotos, o mundo é social e economicamente dominando pelos homens. Vemos que “na cultura judaica, assim como nas culturas vizinhas, a mulher era de forma geral colocada em segundo plano” . Os judeus oravam dando “graças a Deus porque não tinham nascido nem gentios, nem mulheres e nem escravos” . E em muitas situações, as mulheres eram “compradas por seu futuro esposo e, inclusive, vendidas como escravos” (Êx 21.7-11). Mesmo no tempo de Jesus e dos apóstolos, elas “não eram consideradas iguais aos homens... e eram obrigadas a obedecer ao marido como dono, e essa obediência era um dever religioso” .
Com base nesta suposta superioridade genérica, foi formada uma consciência coletiva, que funciona como uma conserva cultural. Logo, apoiados por esta suposta superioridade, os homens agridem as mulheres.

2. OS AGRESSORES E AS FORMAS – Conforme o Disque Denúncia , em Pernambuco, a maioria das agressões ocorrem dentro das casas, no ambiente infrafamiliar, e são causadas pelos parentes mais próximos como maridos ou companheiros (87%), avós (2%) e pais (1%). As formas mais comuns são as agressões físicas, com lesões corporais tais como murros no rosto, quebra de braço, chutes, incluindo-se também o abuso sexual, quando se trata de crianças e adolescentes. Já as agressões verbais se caracterizam por ameaças como: “eu vou te pegar” e “eu vou te matar”.

3. AS PROVIDÊNCIAS – A violência não deve ser tolerada em qualquer circunstância, mas combatida com a paz e a justiça, pois somo filhos do príncipe da paz (Isaías 9:6), e herdeiros de um reino de justiça (Mt 6.33). Ela não pode ser combatida com violência, mas pela cultura da paz e da justiça. Logo a primeira providência a ser tomada em relação à violência contra a mulher, é a precaução, evitando o primeiro tapa.

3.1. PRECAUÇÃO - Evite o primeiro tapa, pois o primeiro tapa a gente nunca esquece. Querida leitora, esteja atenta, “com as antenas ligadas”. Quando perceber agressividade por parte de seu marido ou companheiro, ou quando lhe fizer ameaças, previna-se. Busque o diálogo com ele até esgotar o assunto, e deixe bem claro que você é uma mulher criada à imagem de Deus (Gn 1.27), e não vai ficar passiva caso uma agressão concreta aconteça. Na maioria das vezes o homem que bate na mulher, o faz porque sente que ela não vai reagir. Se os dois forem crentes, procure o pastor da Igreja, irmãos de confiança e os torne cientes da situação, pois o silêncio é o amigo íntimo da violência. No caso da violência acontecer, tome a segunda providência, a legal.

3.2. LEGAL - É preciso procurar uma delegacia, de preferência a da mulher, para prestar queixa e fazer o exame físico para que se comprove a agressão. Ele, o agressor, vai ser chamado lá, e repreendido por uma mulher, e vai pensar outra vez antes de proceder de forma violenta. A providência psicológica também é fundamental.

3.3. APOIO PSICOLÓGICO – Uma mulher que apanha e aceita continuar apanhando, tem sérios problemas psicológicos e precisa de urgente tratamento. A auto-estima está num nível muito baixo. Voltando a falar da senhora que entrou no meu gabinete para se aconselhar, eu perguntei por que ela não deixava aquele marido, (na verdade companheiro pai de sua filha)? Ela respondeu que era porque gostava muito dele. Ela gostava dele, mas não gostava de si mesma. Nesta hora é importante lembrar que Jesus ensinou que devemos amar ao próximo como a nós mesmos (Mt 19.19). Ela Chorou e pediu ajuda para solucionar aquele problema que tanto a angustiava. Eu e Rosélia conversamos e oramos com ela, mostramos o valor que ela possui diante de Deus e dos homens e a convidamos para voltar, mas ela não retornou.

Se você querida leitora apanha do seu marido ou companheiro, ou se você sabe de alguma amiga ou irmã que está nesta condição, saiba que é urgente a necessidade de buscar ajuda psicológica. A outra providência que também julgo necessária é a pastoral.

3.4. AÇÃO PASTORAL – É importante que cada mulher neste mundo tome conhecimento do seu valor. Que todas saibam que não são inferiores, nem superiores aos homens. Por isso desejo propor uma rápida pastoral feminina, que também chamo de GINETEOLOGIA, que resgate a igualdade em termos de valores, entre homem e mulher.
a. Deus os FORMOU iguais (Gn 1.27,28) – Ambos foram formados à imagem e semelhança de Deus, e os dois, em parceria receberam a benção de Deus, e a ordem de encher a terra, sujeitá-la e dominá-la. Os dois, não só o homem.
b. O Pecado DEFORMOU a relação do casal (Gn 3.16) – No princípio ambos recebem o mandato de dominar a terra, mas com a entrada do pecado entre eles, a relação que era igual e de parceria, passa a ser desigual e de dominação “ele te governará”. Ao invés dos dois dominarem a terra, o homem passa a dominar a mulher. Logo toda relação na qual há o domínio de um sobre o outro, é uma relação que está sob a influência do pecado.
c. O Evangelho TRANSFORMOU o Projeto Original (Gl 3.28) – As Boas Novas de Jesus Cristo são a da formação de uma nova sociedade, uma sociedade de iguais, de resgate de valores perdidos. Que nela não haja dominação nem competição, mas cooperação e parceria entre todos. Sem o orgulho dos Judeus sobre os gentios, nem a dominação de uma raça sobre a outra, e nem a superioridade do homem sobre a mulher, pois nesta nova comunidade, todos são iguais, em um só: CRISTO!
Portanto o que Deus criou e o pecado deformou, o Evangelho transformou, resgatou. Aleluia!

CONCLUSÃO – Meu desejo é que cada amada leitora de Vida Cristã possa se fortalecer nos valores do Reino de Deus, quanto à sua posição como mulher, evitando que as atitudes de violência cheguem até vocês, e caso ela já tenha acontecido, buscar agir de forma adequada, para desfrutar o que Jesus lhe prometeu: vida abundante na terra (Jo 10.10), e vida eterna nos céus (Jo 5.24).

Que Deus as abençoe!