Agenda de Compromissos

Outubro

01 - Igreja Batista Central - Jantar para casais - Abreu e Lima
09 - Igreja Batista Pinheirópolis - Encontro de Mulheres - Caruaru - PE
15-17 - Igreja Batista Bíblica - Congresso de Missões - Terra Vermelha - PE
22 - Igreja Batista Rhemaná - 1º Retiro de Mulheres - Rafael - PE
23 - Igreja Betesda Caruaru - Culto da Família - PE
27-31 - SEPAL - Retiro e reunião do comitê - Foz do Iguaçu - PR

sábado, 16 de julho de 2011

Pastoral Cristã aos descasados

SEPAREI! POSSO CASAR DE NOVO?
UMA PASTORAL CRISTÃ AOS DESCASADOS

“Deus nos deu uma segunda chance para a salvação, pode dar também ao casamento?”
Cícero
“Pois cinco maridos já tiveste...” Jo 4.18a (KJV)

INTRODUÇÃO
Com o crescimento dos índices das separações entre cristãos, cresce o número de casais casados pela segunda vez nas comunidades evangélicas. Esses irmãos trazem o sofrimento de uma relação desfeita e o desejo de construir uma nova família.
Para a construção adequada de uma nova e melhor relação é preciso um apoio pastoral sensível aos perigos e possibilidades dessa nova modalidade de casamentos, pois é muito provável que uma relação construída sobre um ferimento sinta também as suas dores.
Este artigo refletirá de forma pastoral-cristã alguns aspectos práticos da conjugalidade monogâmica seqüencial e fará sugestões de apoio aos que dela necessitam.

QUANDO ACONTECE - Após a descontinuidade da relação anterior por separação ou divórcio, surge naturalmente o desejo de construir uma nova relação, melhor que a anterior. Então, uma pessoa aparentemente ideal entra em cena, provocando a expectativa de reparar a primeira relação. Logo, nasce a possibilidade do encontro com a felicidade. É importante ressaltar que nem sempre os acontecimentos seguem essa ordem. Pode surgir uma pessoa que desperta o desejo de reconstruir a vida conjugal.

KIT TRANSPORTADO – Quando acontece o segundo casamento, alguns aspectos positivos, negativos e inevitáveis são transportados para dentro do novo momento familiar, queiram os cônjuges ou não. Os positivos são as boas lembranças trazidas da relação desfeita, pois nenhum casamento é completamente ruim. Por isso há algumas coisas que deixam saudades, como: “Ela era boa cozinheira”, ou: “Ele era um bom pai”. Os negativos são aqueles que todos desejam esquecer, mas de forma geral permanecem vivos na lembrança dos que viveram as dores da separação, como: “Ela gastava muito”, ou: “Ele era muito grosseiro”.
Já os inevitáveis que precisam ser administrados, são aqueles que vão demorar meses ou anos para serem resolvidos e alguns nunca serão totalmente solucionados, mas o casal terá que aprender a conviver com eles se desejar desenvolver uma relação estável e duradora. O caso mais comum é o de disputas judiciais que envolvem pensões a pagar, guarda dos filhos e divisão de bens adquiridos. Essas discussões levam tempo e nem sempre terminam com uma solução cordial. Como disse Celso Pita, ex prefeito de São Paulo: “Ex mulher é para sempre”. Outra situação delicada é a convivência dos filhos do primeiro casamento com o novo cônjuge e com os “novos irmãos”. Essa não é uma tarefa de fácil solução, uma vez que a maioria dessas crianças não escolheu a separação dos pais, mas muitas vezes é uma situação inevitável.

PESSOAS OU PERSSONAGENS? - Paul Tournier diz que por fora somos uma personagem e por dentro uma pessoa, e normalmente casamos com a personagem. Com a convivência, a pessoa se revela á outra. Se for acolhida, se abre mais ainda, se for rejeitada se fecha.
Com o passar do tempo, o segundo casamento pode manifestar sintomas como comparação com a relação anterior, ciúme do cônjuge, acomodação misturada com decepção, outro divórcio ou a entregam a uma vida sem valores referenciais. É comum ouvir:
-“Troquei de pessoa, mas o problema é o mesmo; não vou separar de novo”. Em geral o segundo divórcio é rápido, pois todo o processo se repete. Na Austrália “mais de 46% de primeiros casamentos e 60% de segundos casamentos terminam em divórcio”. No Brasil os números são menores, mas crescentes:

DIVÓRCIOS NO BRASIL IBGE – 2005
Sudeste 21,8%
Norte 17,8%
Nordeste 15%
Sul 5,8%
Centro-Oeste 2,9%

SEGUNDA CHANCE - 1995 - 2005
Mulheres solteiras + Homens divorciados - 4,1% - 6,2%
Mulheres divorciadas + Homens solteiros - 1,7% - 3,1%.
Ambos divorciados - 0,9% - 2,0%.

CRISTO: MODELO PASTORAL RESTAURADOR – Em Jo 4.1-30, encontramos a história do encontro de Jesus com uma mulher que havia passado por cinco divórcios e não conseguia se encontrar no amor.
Ela se sentia uma pessoa inferiorizada, pois ia ao poço por volta do meio dia, hora que ninguém estava lá. Naquela hora, a água não era tão fria quanto de manhã. É como se dissesse no seu íntimo: “Não consegui acertar na vida, não tenho direito a água fresquinha”. Ela se sentia discriminada pelos judeus e revelou isso quando perguntou a Jesus como ele judeu, falava com ela, samaritana. Sentia-se uma pessoa impossibilitada, uma vez que sua vida era um ciclo vicioso: vários casamentos, várias idas ao poço, sem conseguir matar sua sede; por isso disse a Jesus: “dá-me dessa água para que eu não tenha mais sede”.
Assim, são também se sentem algumas pessoas que se divorciam: Com sentimento de culpa, inferioridade e sensação de fracasso. Às vezes são discriminadas por amigos, parentes e irmãos. O mundo cai, a boca fica seca, com sede.
Sua maior sede era de um amor verdadeiro e simbolicamente procurava saciá-la com água do poço. Nessa busca ela se encontra com Jesus, que para ajudá-la, quebrou algumas barreiras existentes, que são:
1. Geográfica (v.4), quando entrou em Samaria, mudou sua rota tradicional e encontrou uma situação nova. Só encontramos situações novas, se alterarmos nosso percurso tradicional. Só surge o novo, quando mudamos a rotina;
2. Sociocultural (v.7 e 27), quando conversou publicamente com uma mulher. Jesus foi ousado em romper com esse preconceito, provocando admiração inclusive em seus discípulos ao ser visto conversando coma aquela mulher;
3. Racial (v.9), quando tomou a iniciativa do diálogo com a samaritana, sendo ele judeu. Jesus mostrou que problemas do passado podem ser resolvidos com atitudes positivas no presente;
4. Impossibilidades (v.14 e 15), ao despertar novas perspectivas de mudança do ciclo vicioso daquela mulher. Ela vivia como a música da Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim”;
5. Legalista (v.18), quando clarificou o erro, sem emitir julgamento. Para Jesus a lei existe para os resistentes e não para os que desejam mudar. Aquela mulher não precisava de críticas, mas de estímulo para refazer a vida. Alguém já disse: “o preço de se dar mal, é se dar mal”, pra que mais acusações?
6. Religioso (v.21 e 24), quando afirmou que Deus é Espírito e pode ser adorado em qualquer lugar. Isso fez grande diferença na vida daquela mulher que saiu dizendo para outras pessoas que tinha encontrado alguém diferente, que apesar de conhecer o coração, continuava amando a pessoa.

CONCLUSÃO – APLICAÇÃO
Muitas são as pessoas como a samaritana que encontramos na caminhada pastoral. Gente com sede de acertar, mas que tem cometido erros sucessivos. Creio que Deus pode dar uma nova chance para o casamento e nosso desafio é agir com o coração cristão e ser um instrumento de apoio para que elas encontrem em Jesus a vida abundante, o amor verdadeiro, que tanto procuram.


Marcos Quaresma – Mestre em aconselhamento pastoral, assessor familiar, pós graduando em psicopedagogia, bacharel em teologia e missionário da Sepal.